Qual a diferença entre dor aguda e dor crônica?
A dor é uma sensação desconfortável que pode, de forma geral, ser classificada em dois tipos: aguda e crônica. A principal diferença entre elas é o tempo de evolução dos sintomas.
A sensação de dor pode surgir por diferentes motivos, desde uma lesão ou inflamação até aspectos físicos e emocionais. Apesar de ser um problema comum, a dor demanda atenção e, em muitos casos, orientação médica.
Um estudo realizado por uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Faculdade de Medicina do ABC e uma clínica especializada em tratamento da dor mostrou que pelo menos 37% dos brasileiros sente dor de forma crônica.
Sendo assim, saber diferenciar a dor aguda da dor crônica é importante, não apenas para os profissionais de saúde, mas também para as pessoas que estão sofrendo com essas condições. Ao identificar adequadamente qual é o tipo de dor, é possível estabelecer o melhor plano de tratamento e, assim, obter melhores resultados.
No artigo a seguir, você vai aprender a diferenciar a dor aguda da dor crônica, e conhecer os principais tipos de cada uma. Boa leitura!
Dor aguda e dor crônica: como diferenciar?
A dor aguda é uma dor forte e súbita que geralmente desaparece em um curto período de tempo, com um quadro com duração de até 30 dias. Pode ser causada por uma lesão, infecção ou doença, e é geralmente descrita como uma sensação súbita, penetrante, intensa e pontiaguda.
Esse tipo de dor geralmente é temporária e desaparece após um curto período de tempo. No entanto, se a causa não for tratada, a dor pode durar mais tempo. Esta dor é comumente resultado de uma lesão aguda, como uma queda ou um acidente.
Entende-se por lesões agudas aquelas que ocorrem em um curto espaço de tempo ou que se manifestam de forma repentina. Estas lesões normalmente resultam de uma força externa, como um acidente, um choque ou um golpe.
Elas também podem ser causadas por atividades esportivas ou por condições médicas, como um ataque cardíaco. Também variam em relação à gravidade, desde um esmagamento leve a uma fratura óssea ou deslocamento. O tratamento para lesões agudas depende da gravidade da lesão e do tipo de lesão.
Em geral, as principais causas de dor aguda são ossos quebrados, cortes, queimaduras, cirurgia e tratamento odontológico.
Diferentemente do que acontece nos casos de dor aguda, a dor crônica persiste por um longo período de tempo, geralmente mais de 3 meses. Esse tipo de dor é geralmente resultado de uma doença crônica ou lesão, como artrite ou lesões na coluna vertebral.
A dor crônica pode afetar a qualidade de vida, e em muitos casos é difícil de ser tratada. Os tratamentos podem incluir medicamentos, terapia comportamental e física, mudanças no estilo de vida e cirurgia. Confira no próximo tópico alguns dos principais tipos de dores crônicas, seus sintomas e tratamentos.
Principais tipos de dores crônicas
As dores crônicas são condições extremamente debilitantes, e podem ter consequências para a condição física, psicológica e o comportamento de quem sofre com elas.
Cerca de um terço da população terá algum tipo de dor crônica durante a vida. Apresentamos a seguir algumas das principais dores crônicas conhecidas atualmente.
Artrite reumatoide
A artrite é uma doença inflamatória crônica que causa dor, rigidez e inchaço nas articulações, podendo afetar qualquer articulação do corpo, como as mãos, joelhos, quadris, ombros e tornozelos. Ela ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca seus próprios tecidos, incluindo as articulações. Em casos graves, a doença pode atingir também os órgãos internos.
Algumas das principais causas para o desenvolvimento da artrite reumatoide (AR) incluem: desgaste das articulações, lesões, infecções e doenças autoimunes. Os fatores de risco incluem idade, histórico familiar, obesidade, lesão e exposição a certos produtos químicos.
A AR acomete duas vezes mais mulheres do que homens, e seus sintomas geralmente se iniciam entre 30 e 40 anos, segundo o que afirma a Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Com o passar do tempo, a inflamação causada pela AR pode levar à erosão do osso e deformidade da articulação. Embora não exista cura para a doença, o tratamento com fisioterapia e medicação pode ajudar a retardar sua progressão.
Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dores musculares generalizadas, fadiga, dificuldades para dormir, alterações na memória e no humor e outros sintomas. Ela é geralmente diagnosticada com base nos sintomas, já que não há nenhum teste específico para identificá-la.
Os sintomas da doença são causados pela hiperatividade dos nervos sensitivos, o que resulta em dor. A causa exata da fibromialgia não é conhecida, mas os fatores de risco incluem estresse, depressão, trauma, lesão e algumas outras doenças.
Segundo um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor, pelo menos 3% da população brasileira sofre com fibromialgia, e a maioria dos casos se dá entre as mulheres. Os números podem ser ainda maiores, levando em conta que seu diagnóstico é difícil de ser realizado e pode levar anos.
Assim como a AR, a fibromialgia também não tem cura, mas é possível combinar medicamentos e terapias para restabelecer a qualidade de vida de quem sofre com a doença. O tratamento geralmente inclui medicamentos, psicoterapia, exercícios físicos leves e relaxamento, com o intuito de reduzir o estresse para controlar os sintomas.
Enxaqueca
A enxaqueca é um distúrbio crônico de dor de cabeça, com sintomas que incluem dores de cabeça fortes e pulsantes, náuseas, sensibilidade à luz e ao som, entre outros.
A causa exata da enxaqueca ainda é desconhecida, mas parece estar relacionada a alterações nos neurotransmissores e nos vasos sanguíneos do cérebro. Outros fatores que podem desencadear uma enxaqueca incluem estresse, alimentos, mudanças de humor, luzes brilhantes ou sons altos, entre outros.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante do mundo, atingindo 15% da população mundial. No Brasil, cerca de 31 milhões de brasileiros sofrem com enxaqueca, a maioria com idade entre 25 e 45 anos.
Síndrome de Ekbom (ou síndrome das pernas inquietas)
Essa é uma condição neurológica caracterizada por sensações desconfortáveis nas pernas, que se manifestam como formigamento, queimação, cãibras, agitação e dor. É comumente vivenciada por um desejo quase irresistível de mover as pernas quando o indivíduo está sentado ou deitado.
Como essas sensações são geralmente mais fortes à noite, perturbam profundamente o sono e a qualidade de vida. Esses desconfortos podem ser amenizados temporariamente ao ficar em pé e movimentar o corpo, como caminhar, esticar ou apertar as pernas.
A Síndrome de Ekbom afeta cerca de 10% da população adulta em todo o mundo, e estudos sugerem que a genética e os fatores ambientais possam desempenhar um papel determinante na condição. Seu tratamento geralmente envolve medicamentos, terapia física, mudanças na dieta e estilo de vida e dispositivos de estimulação elétrica.
Doença de Crohn
Essa é uma doença inflamatória crônica que afeta o revestimento do trato digestivo. Pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus, mas é mais frequente no intestino delgado.
Os sintomas mais comuns são diarreia, dor abdominal, febre, perda de peso, anemia e fadiga. Pode também haver complicações, como a formação de úlceras, estreitamento do intestino e abscessos. Por conta disso, oferece riscos de vida.
Enquanto algumas pessoas podem não apresentar sintomas durante a maior parte da vida, outras podem ter sintomas crônicos, graves e persistentes. Pessoas com doença de Crohn têm mais riscos de desenvolver câncer colorretal, por isso recomenda-se que façam exames regulares.
Cerca de 55 em cada 100 mil brasileiros possuem doença de Crohn, segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). A Doença de Crohn não tem cura, mas o tratamento pode ajudar a retardar sua progressão. A intervenção depende dos sintomas e da gravidade da doença, e pode incluir mudanças na alimentação, medicamentos e, se essas medidas não forem eficazes, cirurgia.
Síndrome dolorosa miofascial
A Síndrome Miofascial é um distúrbio doloroso crônico que afeta os músculos e seus tecidos de suporte, e acomete cerca de 80% dos pacientes com dor crônica. Esta condição é caracterizada por dor muscular aguda, espasmos musculares, pontos dolorosos e limitação da amplitude de movimento.
Essa doença é frequentemente desencadeada por traumas, tensão musculoesquelética, má postura, estresse emocional, estresse físico prolongado, lesões repetidas e excesso de exercício físico.
Seus sintomas podem variar de intensidade e, se não tratados, podem se tornar crônicos. O tratamento da síndrome da dor miofascial geralmente inclui fisioterapia, medicamentos para aliviar a dor e técnicas para promover relaxamento muscular.
Osteoartrite (ou artrose)
A osteoartrite é uma doença degenerativa das articulações, provocando dor e rigidez. Esta condição ocorre devido ao desgaste gradual do tecido cartilaginoso e à reação do tecido em torno da articulação, que leva à inflamação. Com o tempo, isso leva ao desenvolvimento de bolsas de líquido e pequenas saliências ósseas (osteófitos) na articulação.
O sintoma mais comum é a dor nas articulações das mãos, do pescoço, da região lombar, dos joelhos e dos quadris.
No Brasil, estima-se que cerca de 12 milhões de brasileiros tenham osteoartrite, o que equivale a 6,3% da população adulta. A prevalência aumenta entre idosos: depois dos 65 anos, 85% apresentam evidências da doença.
Medicamentos, fisioterapia e, em alguns casos, cirurgia podem ajudar a reduzir a dor e manter o movimento articular.
Hérnia de disco
Nessa condição, um disco vertebral na coluna é lesionado ou enfraquecido, permitindo que o núcleo gelatinoso dessa estrutura se deslize para fora de seu lugar. Algumas hérnias de disco não causam sintomas, mas como isso pode pressionar os nervos, muitas vezes causa dor aguda, dormência, fraqueza e formigamento nos membros.
A hérnia de disco também pode afetar a flexibilidade da coluna, causando problemas de postura. O problema, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros. Nem todos os casos precisam de intervenção. Quando necessário, o tratamento inclui medicamentos, fisioterapia e, possivelmente, cirurgia.
Como você deve ter notado, muitos dos casos de dor crônica são ocasionados por tensão muscular, e técnicas de relaxamento são algumas das iniciativas adotadas para intervenção. Confira a seguir mais detalhes sobre como esses procedimentos podem ter impacto positivo na qualidade de vida de pessoas que sofrem com dores.
Como técnicas de relaxamento podem ajudar a lidar com as dores?
As técnicas de relaxamento podem ajudar a aliviar as dores agudas e crônicas de algumas maneiras.
Primeiro, o relaxamento pode ajudar a controlar a resposta fisiológica do corpo à dor, ajudando a diminuir a resposta de luta ou fuga. Isso pode ajudar a diminuir a ansiedade, que às vezes pode aumentar a sensação de dor.
O relaxamento também pode ajudar a aliviar a tensão muscular, que pode agravar a dor. Além disso, as técnicas de relaxamento podem ajudar a aumentar a energia, permitindo, assim, que você faça mais atividades e se sinta menos cansado. Por fim, o relaxamento pode ajudar a liberar endorfinas, que são neurotransmissores naturais que, além de ajudar a aliviar a dor, também podem melhorar o humor e o bem-estar geral.
A prática de técnicas como yoga, tai chi ou meditação, por exemplo, ajuda a diminuir o estresse e reduzir a tensão muscular que, por sua vez, pode ajudar a aliviar as dores crônicas.
Estas técnicas também podem auxiliar a aumentar a consciência corporal para que seja possível identificar e tratar problemas de saúde antes que eles se tornem dores crônicas. Para se manter informado sobre as melhores dicas de relaxamento e meditação, fique de olho em nosso blog e redes sociais e cadastre-se em nossa newsletter!